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Cachoeiro de Itapemirim,17/05/2025

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O silêncio que mata – violência infantil é uma ferida aberta no Espírito Santo


O silêncio que mata – violência infantil é uma ferida aberta no Espírito Santo


Todo dia, uma criança é vítima de agressão no Espírito Santo. Esse dado, divulgado pela Secretaria da Segurança Pública (Sesp), não é apenas um número em uma planilha estatística: é o retrato de uma infância interrompida, de um ciclo de dor que se repete em silêncio dentro de lares que deveriam oferecer proteção. É uma tragédia cotidiana que nos chama – ou deveria chamar – à responsabilidade.

A brutalidade contra crianças no Estado, revelada por 117 registros de lesão corporal apenas nos três primeiros meses de 2025, é um reflexo de algo muito maior: a persistência de uma cultura que ainda tolera, e até justifica, o castigo físico como forma de "educar". Essa mentalidade, muitas vezes reproduzida por gerações, precisa ser combatida com urgência. Afinal, como bem aponta o psicólogo Felipe Kosloski, “bater só demonstra a força de um adulto sobre alguém mais fraco”. E quando o mais fraco é um bebê, o que resta senão a barbárie?

É no ambiente doméstico – espaço onde deveria haver amor e segurança – que ocorrem quase todos os casos de violência contra crianças. Isso escancara uma realidade dolorosa: o inimigo mora dentro de casa. Mães, pais, padrastos e responsáveis que, em vez de proteger, perpetuam o medo, a dor e, em casos extremos, a morte. Em 2024, uma criança foi morta em decorrência de agressão. Em 2025, o ciclo macabro já começou de novo, com mais vítimas, mais prisões, mais vidas interrompidas antes mesmo de aprenderem a falar direito.

Mas o que estamos fazendo, de fato, como sociedade? Denunciar é essencial, sim, e precisa ser incentivado. Porém, a mudança precisa ir além da repressão. Deve ser cultural, educacional e estrutural. Não se trata apenas de punir os agressores – trata-se de prevenir que novos casos ocorram. E essa prevenção começa pela escuta ativa, pelo acolhimento, pela confiança nas palavras da criança e pela formação adequada de professores, médicos, vizinhos e todos que orbitam ao redor da infância.

A proteção à criança não é um favor, é um dever constitucional, legal, ético e humano. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é claro: toda criança tem o direito à integridade física, moral e psicológica. O problema é que, muitas vezes, esse direito fica no papel.

A violência não começa no tapa mais forte. Começa na negligência, na palavra cruel, no desprezo ao choro, na banalização da dor. Cada agressão é uma rachadura no desenvolvimento emocional e físico de uma criança. E se não formos capazes de enxergar isso e agir, nos tornamos cúmplices.

Portanto, o que cada um de nós pode fazer hoje para mudar essa realidade? Escutar mais, julgar menos. Denunciar sempre. E, acima de tudo, abandonar de vez a ideia de que violência educa. O que educa é o exemplo. E um bom exemplo nunca precisa de um tapa.








Porque nenhuma infância deveria ter o medo como rotina.




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