Surto no Santa Rita: oito novas amostras dão positivas para contaminação por fungo
A Secretaria da Saúde (Sesa) recebeu no final dessa segunda-feira (03) a confirmação de que mais amostras sorológicas referentes ao surto intra-hospitalar registrado no Hospital Santa Rita de Cássia, em Vitória, foram reativas para presença de anticorpos específicos para o fungo Histoplasma sp. A confirmação foi feita pelo Instituto Nacional de Infectologia, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que atua em parceria com o Laboratório Central de Saúde Pública do Estado do Espírito Santo (Lacen/ES) na investigação laboratorial do caso.
Nessa nova remessa de envios ao Estado, foram confirmados a presença de anticorpos, isto é, o desenvolvimento da resposta imune ao agente infeccioso, no caso o fungo, em oito amostras. Elas somam-se à amostra positiva divulgada nessa segunda-feira (03), em coletiva de imprensa pelo secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann. Ao todo, até o momento, tem-se 09 amostras positivas, sendo oito de funcionários do hospital e uma de acompanhante.
“Encaminhamos muitas amostras à Fiocruz, que é parceira nessa investigação que é conduzida pela Vigilância Estadual e pelo Lacen/ES. O exame de sorologia feito nessas amostras mostram que oito deram confirmados para histoplasmose, que é causada pelo fungo Histoplasma. A nossa investigação caminha para conclusão de que o surto do Santa Rita está sendo causado por um fungo Histoplasma, comum em fezes de animais, especial aves e morcegos, que podem estar na região”, explicou o secretário em uma rede social, nesta terça-feira (04).
De acordo com o secretário, a Sesa continuará o trabalho de investigação, realizando outros testes para saber se todos os casos suspeitos são também por Histoplasma ou se há outros agentes. “Nós continuamos com outros testes, porque é importante agora, nós temos mais de 90 casos suspeitos, é importante identificarmos quantas pessoas de fato foram atingidas por esse surto e eventualmente outras pessoas que estão como casos suspeitos que não tenham sido problema da histoplamose e possam ter outro tipo (de agente)”, disse.
Complexidade da investigação
Desde o início da investigação laboratorial, a Secretaria da Saúde (Sesa), por meio do Lacen/ES e em parceria com a Fiocruz, realiza uma série de metodologias de testagem em um escopo grande de amostras coletadas a fim de elucidar a causa para o surto intra-hospitalar no Hospital Santa Rita.
“Trata-se de uma investigação muito complexa porque envolve uma quantidade grande de casos suspeitos e uma janela temporal extensa, o que faz com que várias amostras tenham que ser testadas utilizando diferentes metodologias, desde exames diretos, cultivos, técnicas mais complexas como sequenciamento na tentativa de identificar se o surto de síndrome respiratória era provocado por vírus, fungos, bactérias ou micobactérias”, relatou o diretor do Lacen/ES, Rodrigo Ribeiro Rodrigues, durante a coletiva de imprensa realizada nessa segunda-feira (03).
Até o momento, o Lacen/ES encaminhou três lotes de amostras para a Fiocruz para realização de teste sorológico que detecta anticorpos específicos para antígenos do Histoplasma capsulatum. No primeiro envio, uma amostra foi reativa para o fungo, e no segundo envio, oito amostras. A Sesa aguarda as confirmações das amostras enviadas no terceiro lote.
Histoplasmose
A histoplasmose é uma infecção fúngica sistêmica que pode se apresentar desde uma infecção assintomática até a forma de doença disseminada com evolui para óbito. Ela é causada por fungos dimórficos da espécie Histoplasma capsulatum. Os indivíduos geralmente adquirem a infecção pela inalação (entrada) de partículas infectantes do fungo decorrente do manuseio do solo, frutas secas e cereais e nas árvores.
O fungo também é isolado nos excrementos de morcegos e aves, como galinhas e outras gregárias. Outras espécies animais podem se infectar com H. capsulatum, como cães, gatos, cavalos, bovinos, suínos, roedores e marsupiais, entre outros. Não há transmissão de homem a homem, e nem de animais para o homem. Como o fungo está disperso na natureza, os trabalhadores rurais constituem o principal grupo de risco, visto à sua exposição no meio ambiente.




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